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Por um projeto de país, depois das cinzas

Os últimos cem dias têm mostrado que os piores prenúncios podem se cumprir com grande facilidade, dadas as condições institucionais do país. Em meu último post, de fim de Outubro/18, comentei “Geralmente consertar os erros é um ato amargo assim como entrar na tarefa obscura de descobrir o que vem pela frente.”  Pois bem, as duas questões, consertar os erros e descobrir o que vem pela frente, estão na pauta do dia, a cem dias. Os poderes, constituídos para equilibrarem um ao outro, penderam e adernaram, e agora brigam para se sobressair diante de um beco sem-saída inexorável.  Assistimos ao desmonte sistemático de vários equipamentos, serviços e de representatividades, sem que a sociedade consiga se manifestar com força, potencializando dia-a-dia o poder destrutivo que se tornou a máquina pública de governar. A cultura, a pluralidade, a segurança institucional e jurídica, que servem para sustentar uma nação, estão por um fio. Assistimos, ao redor do mundo, e há décadas,

Ação e reação

Escrevi esse texto na véspera da eleição de 2018, para ser publicado nos dias que sucederam o pleito, como reflexão. Como sempre friso, aqui falo de transição e esse é um momento de transição bastante importante. Quero falar daquilo que eu percebi nas minhas conversas, nos meus atendimentos, nas percepções que eu tive durante esses últimos 30 dias, avaliar o quanto e como se acirraram os ânimos, perceber as escolhas que estão sendo feitas, de um lado e de outro, baseadas em medo, em hesitação. Meu papel  profissional é refletir, ampliar e ajudar a quem me procura nessa tarefa, nessas propostas. Então eu uso este púlpito, esse lugar de fala, para propor essa reflexão, para me colocar nessa tarefa. Depois de passada a angústia da escolha, qualquer que seja o resultado, devemos refletir sobre os nossos atos recentes, aprender e tentar consertar o que está a nosso alcance. O que nem sempre é bom, ou prazeroso. Geralmente consertar os erros é um ato amargo assim como entrar na tarefa

A expressão da diversidade

Apesar de sempre haver existido, as pessoas têm descoberto que, expressando sua individualidade, mostram-se diferentes uns dos outros e diferenças marcantes surgem, recaindo sobre o gênero e a sexualidade. Isso faz com que a expressão da diversidade seja uma importante faceta da sociedade atual. Diferentemente do passado, hoje as pessoas procuram se conhecer, explorar, trocar experiências e passaram a criticar os rótulos impostos pela “normalidade”. Entender a demanda individual, explorar o seu significado, os sentimentos nutridos a respeito de si e a profundidade que cada consegue perceber é a base de meu trabalho.  As pessoas que trazem questões relacionadas a gênero não necessariamente relacionam isso exclusivamente à temática “trans”. Falar de gênero e sexualidade também significa falar de separação, carreira, trabalho, filhos... Deve-se constantemente rever os passos e as escolhas, reavaliar seu sentido, questionar se as mesmas seriam feitas no aqui/agora. A f

"EU, CROSSDRESSER – ELUCIDAÇÕES SOBRE A QUESTÃO" - entrevista ao OQNV.

O post de hoje é a reprodução da entrevista que concedi a o blog da Duloren  em 17/11/2017 , e trata de  crossdressing m2f. P ara conferir veja em: http://oqnv.duloren.com.br/eu-crossdresser-elucidacoes-sobre-questao-por-fe-maidel/ "Para mim, a definição de crossdresser é vestir-se (dress) de forma cruzada (cross). Seria o oscilar, o “ir e vir”, algo como expressar-se de maneiras distintas e que, ao acontecerem, são rotuladas como “masculinas” ou “ femininas”. Pode-se considerar crossdressing o ato deliberado de vestir e comportar-se com roupas e gestualidade de outro gênero, que não o seu. Mas isso carrega , em si, algumas questões culturais e sociais, como por exemplo, o Kilt escocês e a mulher ocidental moderna, que a 70 anos atras não usaria, jamais, calças compridas. Acredito, pessoalmente, que o crossdressing seja uma "expressão de gênero", mais do que uma "identidade", como um enquadre. A pessoa crossdresser, que pode ser m2f , (male to femal

Passabilidade e a visão que cada pessoa tem de si

A visão que cada um tem de si é uma das mais importantes construções que o indivíduo utiliza para entender-se como tal. A elaboração deste conceito mostra-se fundamental, pois é a partir dele que se constroem os vínculos, os afetos, a socialização e, expressando-o, torna-se possível a visibilidade, o pertencimento e a autonomia.  Nas conversas que tenho sobre transição de   gênero, o tema passabilidade é muito presente.  Este termo é usado quando a apresentação de uma pessoa “está passável”, conseguindo se “passar” por outra identidade diferente da que lhe é peculiar. Indica   “passar por”, em oposição à “o que se é”. As implicações dessa afirmação são importantes para poder entender como essa fala tem sido interpretada e o que pode significar para quem a ouve, pois carrega em si uma ideia de disfarce, uma fantasia, um personagem. Pode se referir a uma ilusão ou engano, ludibriar e iludir os sentidos. Essa é uma argumentação que ouço frequentemente de pessoas “CIS” Passabili

“ENTÃO VOCÊ É TRANS... E O QUE VAI FAZER COM ISSO? ”

As pessoas, ao manifestarem sua individualidade, têm percebido que diferem umas das outras e uma das questões marcantes que surgem são gênero e sexualidade. Diferentemente do passado, as pessoas hoje querem se conhecer, explorar, trocar experiências, e passaram a criticar os rótulos impostos pela “normalidade”. O momento que vivemos expressa essa crítica, trazendo a possibilidade da ambivalência.   Há, em essência, diferenças na percepção de si entre transexuais,  travestis,  não-binários  e crossdressers, quanto ao gênero e sexualidade.  Cris Camps, diretora do BCC (Braziliam Crossdressing Club), associação virtual que, há vinte anos, congrega pessoas adeptas do crossdressing, afirma que "há c rossdressers se apresentarem como hétero, como homo, bi ou assexuadas e, em sua maioria, manifestam pouco ou nenhum desejo de modificarem seus corpos. Mas ressalta que “sabe-se do grande desejo de alguns quererem adquirir características secundárias do sexo oposto, como seios ou barba

TRANSICIONAR: VERBO (IN) TRANSITIVO

Transicionar implica em, constantemente, rever os próprios passos e escolhas e reavaliar se, depois de feitas e consolidadas, essas escolhas ainda seriam um caminho a seguir.  Quando se dispõe a transicionar, por mais claro que pareça o caminho, a pessoa parte em uma jornada na qual deve lidar com seus vazios, com as coisas as quais deve abdicar e com os riscos que pode correr. Mudar implica em encarar, também, o vácuo que surge no íntimo e na vida, ao qual juntam-se outros que não estão sob o controle de quem vive o processo que vêm como resposta do mundo ao movimento de transição. E são tantos, que se torna impossível tratar genericamente do assunto. Assim, cada transição torna-se única, e nunca passa despercebida ou incólume. Mudar implica em encarar o vácuo que surge. Quem se dispõe à transição se vê impulsionado por sentimentos e emoções difíceis de lidar, levando possivelmente a uma menor clareza da situação, que pode levar a situações de real perigo e danos. Quanto ma

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